Uma doença invisível aos exames, mas impossível de ignorar. Conheça os sintomas, as causas e a importância do exercício físico orientado para recuperar qualidade de vida.
A fibromialgia é uma condição crónica, invisível nos exames médicos, mas marcada por dor generalizada, fadiga, distúrbios do sono e alterações emocionais. O diagnóstico é clínico e exige exclusão de outras doenças. A fisioterapia e, em especial, o exercício físico adaptado são a primeira linha de tratamento recomendada pela evidência científica — ajudando a reduzir a dor, melhorar o sono e recuperar a funcionalidade.

O que é a fibromialgia?
A fibromialgia é uma doença crónica e multifatorial, de origem ainda não totalmente compreendida, caracterizada por:
- Dor músculo-esquelética difusa
- Fadiga persistente
- Sono não reparador
- Alterações neurossensoriais e emocionais
É uma doença “invisível” nos exames clínicos, sendo diagnosticada por critérios específicos e pela exclusão de outras condições.
Quais são os sintomas?
Embora invisível ao olhar clínico tradicional, a fibromialgia manifesta-se intensamente no corpo e na mente. Os sintomas mais comuns incluem:
- Dor generalizada em músculos e articulações
- Fadiga física e mental
- Sono não reparador (acordar cansada/o)
- Formigueiros ou choques nos membros
- Síndrome das pernas inquietas
- Alterações gastrointestinais
- Dores de cabeça (cefaleias)
- Ansiedade e/ou depressão
Estes sintomas têm impacto funcional, emocional e social profundo, e são frequentemente mal compreendidos.
Como se diagnostica?
A fibromialgia não é visível em exames como raio-X, análises ou ressonâncias. O diagnóstico é clínico, baseado em critérios definidos:


- Pontuação ≥ 7 no WPI (Índice de Dor Generalizada) e ≥ 5 no SSS (Escala de Severidade dos Sintomas)
- Ou WPI 4–6 e SSS ≥ 9
- Presença de dor em pelo menos 4 das 5 regiões corporais
- Sintomas persistentes por pelo menos 3 meses
Em Portugal, estima-se uma prevalência de 1,7% — com maior incidência em mulheres (3,1% vs. 0,0–0,2% nos homens).
Quais são as causas?
As causas não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que há vários fatores associados:
Biológicos
- Predisposição genética
- Género feminino
- Alterações na resposta ao stress
Ambientais e sociais
- Experiências traumáticas (abusos, negligência)
- Baixo suporte familiar
Psicológicos
- Depressão e ansiedade
- Hipervigilância da dor
- Alteração na perceção e processamento da dor
Na fibromialgia, estímulos que não provocam dor noutras pessoas são percebidos como extremamente dolorosos — devido a alterações no sistema nervoso central.
Qual o tratamento indicado?
Apesar de crónica, a fibromialgia pode ser controlada — e a principal ferramenta é o exercício físico.
O exercício é a primeira linha de tratamento recomendada pela evidência científica.
Porquê exercício?
Mesmo com dor e fadiga, o movimento:
- Reduz a dor e a fadiga
- Melhora o sono
- Aumenta a força e a resistência
- Ativa os mecanismos inibitórios da dor
- Estimula a libertação de endorfinas (sensação de bem-estar)
Como deve ser feito o exercício?


Com acompanhamento profissional, preferencialmente por fisioterapeuta. O plano deve ser:
- Personalizado aos sintomas, capacidade física e preferências da pessoa
- Combinando exercício aeróbio (ex: caminhada, dança, natação) e de resistência muscular (com o peso do corpo, halteres, bandas elásticas)
- De baixa intensidade inicial, com progressão gradual
- Prazeroso e significativo, para garantir adesão
É normal que os sintomas piorem nas primeiras sessões. Essa fase é temporária e esperada.
Como a fisioterapia ajuda?
O fisioterapeuta é o profissional indicado para:
- Avaliar a capacidade funcional e sintomas
- Prescrever e monitorizar exercício adequado
- Ajudar a ultrapassar o medo do movimento
- Adaptar os treinos aos bons e maus dias
- Oferecer suporte contínuo, respeitando o ritmo da pessoa
Perguntas frequentes (FAQ)
Posso fazer exercício mesmo com dor?
Sim. O exercício melhora a fibromialgia a longo prazo, mesmo que cause algum desconforto inicial.
O repouso não é melhor?
Não. Repouso prolongado agrava a rigidez, a dor e o descondicionamento físico.
Exercício é suficiente ou preciso de medicação?
A abordagem ideal é multidisciplinar — exercício, psicoterapia, farmacologia e estratégias de autocuidado.
Vive com fibromialgia e sente-se limitada/o no seu dia-a-dia?
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Artigo elaborado por Fisioterapeuta Mariana Carvalho – OF nº 907
Fontes:
Mcfarlane GJ, Kronisch C, Dean LE, et al (2017) Annals of Rheumatic Diseases. 76:318-328