Tosse persistente? Falta de ar? A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica pode ser silenciosa — mas a fisioterapia pode ajudar a travar os seus efeitos.
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, facilmente chamada de DPOC, é uma doença respiratória crónica que afeta milhões de pessoas em Portugal, sobretudo fumadores ou ex-fumadores. Não tem cura, mas é possível controlar os sintomas, melhorar a capacidade respiratória e evitar crises com ajuda da fisioterapia. Técnicas como reeducação respiratória, remoção de secreções e reabilitação pulmonar fazem toda a diferença.

O que é a DPOC?
A DPOC é uma patologia respiratória progressiva que agrupa duas condições principais:

- Bronquite crónica: inflamação dos brônquios com produção excessiva de muco
- Enfisema pulmonar: destruição das paredes dos alvéolos, dificultando as trocas gasosas
Esta obstrução ao fluxo de ar torna cada respiração mais difícil, afetando diretamente a qualidade de vida do doente.
Em Portugal, estima-se que cerca de 14% da população adulta sofra de DPOC, com maior prevalência em fumadores e ex-fumadores.
Fatores de risco e sintomas
Principais causas:
- Tabagismo (responsável por 80–90% dos casos)
- Exposição prolongada a poeiras, fumos ou poluentes
- Fatores genéticos (mais raros)
Sintomas mais frequentes:
- Tosse crónica com expetoração
- Falta de ar (dispneia), inicialmente ao esforço, depois em repouso
- Fadiga, respiração ruidosa, sensação de opressão no peito
Os sintomas desenvolvem-se de forma lenta e progressiva — razão pela qual muitos doentes só recebem diagnóstico em fases já avançadas.
Comorbidades e impacto global
Pessoas com DPOC podem também apresentar:
- Doença cardíaca
- Diabetes tipo 2
- Ansiedade e depressão
- Perda de massa muscular e de autonomia
Por isso, o acompanhamento deve ser multidisciplinar, envolvendo fisioterapeutas, médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas.
Novas abordagens e terapias
A investigação continua a evoluir:
- Novos medicamentos inaláveis e biológicos
- Técnicas minimamente invasivas
- Melhoria na oxigenoterapia domiciliária
Mas um dos pilares mais consistentes continua a ser a fisioterapia respiratória.
Prevenção e tratamento
Apesar de não ter cura, a DPOC pode ser controlada e estabilizada.
Estratégias fundamentais:
- Cessar o tabaco (mesmo em fases tardias)
- Uso de broncodilatadores e corticosteroides inalados
- Vacinas (gripe, pneumonia)
- Adotar um estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, exercício regular
- Reabilitação pulmonar com fisioterapia
O papel da fisioterapia respiratória na DPOC



A fisioterapia melhora os sintomas, previne crises e aumenta a capacidade funcional da pessoa com DPOC. Eis como:
Exercícios respiratórios
- Melhoram a expansão pulmonar e a oxigenação
- Ajudam a controlar a falta de ar
Reabilitação pulmonar
- Programas estruturados com treino físico supervisionado
- Inclui educação sobre a doença, gestão de sintomas e apoio psicológico
Técnicas para remoção de secreções
- Drenagem postural, técnicas expiratórias
- Facilitam a higiene brônquica, melhorando a respiração
Ensino da utilização da medicação
- Correção da técnica de inalação (ex: aerossóis, nebulizadores)
- Erros frequentes na inalação podem comprometer a eficácia do tratamento
Conclusão: viver melhor com DPOC é possível
A DPOC é uma doença que pode e deve ser acompanhada de perto. Com fisioterapia especializada, é possível:
- Reduzir o número de exacerbações
- Evitar internamentos
- Manter a autonomia
- Melhorar a qualidade de vida
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Artigo elaborado por Fisioterapeuta Sandro Pilré – OF nº 5634
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