Uma lesão mais comum do que se pensa. Descubra como a fisioterapia pode ajudar a aliviar a dor, recuperar a função e prevenir recorrências.
A epicondilite lateral, conhecida como “cotovelo de tenista”, é uma das principais causas de dor e incapacidade no cotovelo. Afeta não só atletas, mas também trabalhadores que realizam movimentos repetitivos. A fisioterapia é a abordagem de eleição, com plano individualizado que integra exercício, terapia manual e reeducação funcional.

O que é o “cotovelo de tenista”?
O termo refere-se à epicondilite lateral, uma inflamação dos tendões dos músculos extensores do antebraço, localizada na parte externa do cotovelo.
Embora o nome derive do ténis — pois 50% dos tenistas têm sintomas — a maioria dos casos ocorre em pessoas que realizam tarefas repetitivas com o braço dominante, como trabalhadores fabris, administrativos ou profissionais de estética.
Estima-se que 40% da população tenha, pelo menos uma vez, este problema ao longo da vida, com maior prevalência entre os 35 e 54 anos.
Causas e fatores de risco
Fatores mecânicos:



- Movimentos repetitivos do punho ou braço
- Uso excessivo do computador ou ferramentas manuais
- Sobrecarga no desporto ou trabalho
Fatores de risco associados:
- Idade (maior incidência entre os 35 e os 54 anos)
- Sexo feminino
- Tabagismo
- Histórico de lesões no ombro
- Alterações da sensibilidade (ex: hiperalgesia)
Sintomas mais comuns
- Dor na face externa do cotovelo
- Dor irradiada para o antebraço ou punho
- Dificuldade em pegar em objetos, escrever ou abrir frascos
- Diminuição de força e funcionalidade
- Agravamento da dor com extensão do punho e dedos
Muitas vezes, coexistem sintomas no pescoço ou ombro, o que piora o prognóstico e exige uma abordagem mais abrangente.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito com base em:
- História clínica detalhada
- Testes físicos específicos (ex.: dor à extensão contra-resistência)
- Eventualmente exames complementares como ecografia ou ressonância, em casos persistentes
Como a fisioterapia pode ajudar?
A fisioterapia é o tratamento de primeira linha, especialmente nos primeiros 3 meses de dor.
Intervenções mais eficazes:



- Exercício terapêutico adaptado (o mais eficaz no alívio da dor)
- Terapia manual no cotovelo, punho e região cervicotorácica
- Educação e adaptação de tarefas no contexto profissional
Técnicas com evidência limitada:
- Ortóteses (como cotoveleiras) — eficácia questionável
- Laser, ultrassom e ondas de choque — efeito semelhante ao placebo
- Eletroterapia — pode ser usada como complemento, mas não substitui o exercício
A chave está num plano adaptado ao grau de dor, contexto laboral e presença de sintomas noutras zonas (ombro, cervical).
Quanto tempo demora a recuperação?
- Se for uma dor localizada e recente (menos de 3 meses):
→ O prognóstico é muito positivo com fisioterapia, com recuperação esperada em até 12 semanas. - Se houver dor crónica, envolvimento do ombro/pescoço ou exigência laboral elevada:
→ O plano pode precisar de ser mais abrangente e prolongado, podendo incluir suporte farmacológico.
Abordagem integrada: mais do que o cotovelo
A recuperação depende:
- Da fase da lesão
- Das características individuais
- Das exigências do dia a dia (trabalho, desporto, tarefas domésticas)
A intervenção deve ser sempre personalizada e contextualizada, tendo em conta o ambiente físico, social e profissional da pessoa.
Perguntas frequentes (FAQ)
O cotovelo de tenista precisa sempre de cirurgia?
Não. A intervenção conservadora é eficaz na maioria dos casos.
Posso continuar a trabalhar?
Sim, com ajustes. A fisioterapia ajuda também a adaptar as tarefas para evitar a sobrecarga.
E se a dor estiver também no ombro e pescoço?
É comum. O plano de tratamento deve incluir mobilização cervical e reeducação postural.
Precisa de ajuda com dor no cotovelo?
Se sente dor na parte externa do cotovelo, com dificuldade em tarefas simples do dia-a-dia, a nossa equipa pode ajudar.
Agende a sua avaliação e inicie um plano de recuperação com fisioterapia no conforto da sua casa.
Artigo elaborado por Fisioterapeuta Vanessa Figueiredo – OF nº 94
Fonte:
Bisset L., Vicenzino, B. (2015). Physiotherapy management of lateral epicondylalgia. Journal of Physiotherapy 61: 174–181.