Fratura do Colo do Fémur: Como a Fisioterapia Pode Ajudar

Neste artigo

Uma das fraturas mais frequentes na população idosa. Descubra como a fisioterapia minimiza dores, devolve a mobilidade e reduz o risco de voltar a cair.

A fratura do colo do fémur é comum em pessoas com idade superior a 65 anos, sobretudo mulheres. A cirurgia é só o primeiro passo: a fisioterapia pré- e pós-operatória é crucial para recuperar força, equilíbrio e autonomia, bem como para adaptar o domicílio e evitar novas quedas.


O que é a fratura do colo do fémur?

Trata-se da rutura da porção superior do fémur (próxima à anca). Representa:

  • Segundo motivo de internamento em maiores de 80 anos.
  • Causa relevante de mortalidade e institucionalização.
  • Incidência crescente devido ao envelhecimento populacional.

Quem corre maior risco?

  • Idade avançada (ossos mais frágeis)
  • Sexo feminino (osteoporose pós-menopausa)
  • Histórico de quedas ou fraturas
  • Sedentarismo e sarcopenia
  • Patologias como osteoporose, défice de vitamina D, demência

Consequências imediatas e tardias

  • Dor intensa e incapacidade de apoiar o pé
  • Perda rápida de força e mobilidade
  • Risco elevado de trombose, úlceras de pressão e pneumonia por imobilidade
  • Dependência para as AVD (vestir-se, higiene, deitar/levantar)
  • Maior probabilidade de nova queda se não houver reabilitação adequada

Da cirurgia à fisioterapia

Após a cirurgia, a fisioterapia torna-se indispensável durante algum tempo

Fase hospitalar

  • Mobilização precoce (24–48 h) para prevenir complicações
  • Exercícios respiratórios e de pés/tornozelos

Após a alta

Iniciar fisioterapia o mais cedo possível, idealmente ao domicílio, para:

  1. Controlar dor e edema
  2. Recuperar mobilidade articular com movimentos passivos, ativos e ativo-resistidos
  3. Reforçar membros inferiores e superiores (uso de auxiliares de marcha)
  4. Treinar equilíbrio estático/dinâmico e coordenação
  5. Treinar marcha (bengala, andarilho, canadianas) e escadas
  6. Ensinar transferências e posicionamentos seguros (cama, cadeira, WC)
  7. Orientar cuidadores e adaptar o espaço doméstico


Intervenções-chave do fisioterapeuta

Seguem alguns exemplos de como a fisioterapia planeia os objetivos a alcançar:

ObjetivoTécnicas mais usadas
ForçaExercícios isométricos, elásticos, pesos leves
EquilíbrioApoios unipodais, step, plataformas, core training
MarchaPadrão progressivo com auxiliares, treino em várias superfícies e alterações de sentido
Dor & rigidezMassagem, mobilização articular, crioterapia/termoterapia
Função globalSimulação de atividades da vida diária, treino de subir/descer da cama, vestir-se

Qual o tempo de recuperação?

É importante referir que cada pessoa tem a sua história/personalidade, o que pode influenciar o tempo de alcançar os objetivos.

AtividadeTempo médio expectável*
Deambular com apoio4–6 semanas
Retomar as atividades da vida diária básicas com supervisão mínima8–12 semanas
Autonomia próxima da pré-fratura**3–6 meses

* Pode variar com idade, comorbilidades e adesão ao plano.
** Nem todos recuperam 100 %; intervenção rápida aumenta muito as hipóteses.


Prevenção: antes que a fratura aconteça (ou volte a acontecer)

Mesmo que ainda não tenha ocorrido uma fratura, é importante prevenir o risco de queda. Aconselhamos um artigo no blog que nos fala sobre a prevenção de quedas nos idosos. No entanto, deixamos alguns tópicos gerais no que a fisioterapia pode ajudar:

  • Programa de exercícios regulares para força, equilíbrio e reação de proteção
  • Avaliação do domicílio: tapetes, iluminação, corrimãos, altura de cadeiras/cama
  • Treino de marcha e escolha do auxiliar mais adequado

Com outros profissionais da área da saúde, aconselha-se a fazer:

  • Gestão da osteoporose (nutrição, vitamina D, medicação)
  • Revisão de fármacos que provoquem tonturas ou hipotensão

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Quando devo começar a fisioterapia?
Idealmente ainda no hospital (24–48 h pós-cirurgia) e continuar em casa, logo após a alta.

2. A reabilitação ao domicílio é tão eficaz como na clínica?
Sim. Permite treinar no ambiente real, adaptar barras, tapetes e mobiliário — fatores decisivos para prevenir novas quedas.

3. Vou voltar a andar sem canadianas?
A maioria consegue, desde que siga o plano de reforço muscular e equilíbrio. O tempo depende da idade e do estado geral.

4. Preciso trabalhar braços e tronco?
Sim — são essenciais para manusear andarilhos/bengalas e manter a postura.


Precisa de reabilitação após fratura do colo do fémur?

A nossa equipa está pronta para ajudar — desde a mobilização precoce ao treino de marcha e adaptação do lar.
Agende uma avaliação personalizada e recupere a sua autonomia com segurança e confiança.

Artigo elaborado por Fisioterapeuta Maria João Pinto – OF nº 7174


Fontes

Barbosa, S. (2013). Fraturas da extremidade proximal do fémur nos idosos. Artigo de revisão

Karlsson, A. et al. (2022).  Older adults’ perspectives on rehabilitation and recovery one year after a hip fracture – a qualitative study.  BMC Geriatrics (2022) 22:423

Silva, S. et al (2018). Tendências Epidemiológicas das Fraturas do Fémur Proximal na População Idosa em Portugal. Acta Med Port 2018 Oct;31(10):562-567

Torres, S. et al (2023). Atuação da fisioterapia no pós-operatório de fratura de fêmur em idosos. Contemporary Journal 3(6): 6051-6065

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